Depois de concluído o levantamento histórico da Quinta do Gradil, que nos trouxe este renovar de imagem e aposta em novos vinhos, percebemos que tínhamos encontrado ao longo dos séculos uma mão cheia de ricas personagens. Martinus Johannis foi um dos 8 colonos que se fixou na região do Cadaval no período pós-reconquista Cristã. Foi o primeiro a acreditar no terroir da Quinta do Gradil e foi responsável pela plantação da primeira vinha e pela construção de uma grade feita de madeira, como eram feitas as vedações na altura, para a delimitar e proteger. Um bocadinho mais à frente, num documento régio que data de 14 de fevereiro de 1492, surge D. Martinho de Noronha que recebeu de D. João II a carta de doação da jurisdição e rendas do Concelho do Cadaval e suas propriedades, nas quais se incluía a Quinta do Gradil. Com a morte de D. João II, aparece D. Manuel e D. Álvaro de Bragança, e foi a este último que lhe foi confirmado o senhorio do Cadaval. “E assy a dita quinta do gradil elle nos leixou e despejou livremenete pera nos darmos E confirmarmos todo a dom alvaro meu muyto amado primo, cuja alma deus aja” *Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Leitura Nova, Estremadura, livro 11, fls. 103-104v. Mais tarde, é sabido que em 1765 e 1766, séc. XVIII, dois alvarás do rei D. José I decretaram o arranque de vinhas em certas zonas do país quando cultivadas em várzeas consideradas aptas para a produção de cereais, medida que iria afetar significativamente o concelho do Cadaval. No entanto, uma vistoria mandada realizar nesta ocasião veio considerar algumas terras do concelho como aptas a produzir vinhos de bom lote, qualidade que foi invocada pelos agricultores para se oporem ao ordenado arranque “pois o vinho que produziam era muito procurado pelos negociantes, quer para temperar outros de inferior qualidade, quer para ser comercializado em épocas mais tardias devido ao seu bom nível de conservação”. Corria, entretanto, o ano de 1843 quando Francisco António da Fonseca, um dos mais importantes produtores e negociantes de vinho da Estremadura, decidiu comprar o então designado Casal do Gradil. Foram, no entanto, a sua filha Dona Maria do Carmo Romeiro da Fonseca e genro Joaquim José Fernandes, destacado capitalista e diretor do Banco de Portugal, que transformaram a Quinta do Gradil numa bem-sucedida exploração agrícola. Foi, porém, a filha, de seu nome Maria do Carmo também, que casou com António de Carvalho Daun e Lorena, Conde de Santiago e futuro Marquês de Pombal, descendente de Sebastião José de Carvalho e Melo, que deu seguimento à atividade. Depois de muito tempo na posse dos Marqueses, no séc. XX surge um poeta que escreve letras para fados, como é exemplo a “Saltimbancos”, e agora mais recentemente e até à atualidade, um avô Ganita e o seu neto que lhe seguiu os passos, e ainda quis fazer melhor: Luís Vieira.